Uma passagem em João 6, na leitura do Novo testamento, me chamou à atenção quando percebi que Deus escolhe realmente quem Ele quer. Isso me pareceu meio pretensão minha. Louvei ao Senhor pela revelação, mas confesso que isso ficou marcado em mim..
Após ter participado de um Congresso da Pastora Sarah Sheeva, e ter sido muito abençoada, procurei por alguns vídeos dela.. Foi quando fui impactada por um deles. Na verdade, uma sequência de áudios no YouTub, chamado “A raiz do Humanismo”. Neste vídeo a Pastora aborda assuntos pelos quais todos nós cristãos passamos. Mas quando ela mencionou Romanos 9, fiquei boquiaberta.
Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú.
Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma.
Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia.
Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece.
Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra.
Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer.
Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem tem resistido à sua vontade?
Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?
Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?
Romanos 9:13-21
O Senhor é soberano. Ele faz o que quer, com quem quiser. O Senhor nosso Deus nos escolhe. É Ele quem nos elege e não nós a Ele!
Fiquei imaginando... "viajando mesmo na maionese".. Por que eu? Glorifiquei ao Senhor.. Eu poderia estar longe dEle naquela hora.. num outro lugar que se exalta a qualquer um deus, menos a Ele.. bastava Ele querer.. E percebi a grandiosa misericórdia que o Senhor teve comigo..
Fiquei pensando nas pessoas que hoje discordam da Bíblia, das pessoas que colocam em dúvida o que Deus fala, pessoas que fazem o que querem, falam o que querem, agem de uma forma que elas mesmas pensam estar corretas..
Não é que elas queiram, mas por que Deus quer que elas pensem assim..
É meio louco isso.. mas é real.
Não tive uma juventude com muitos “problemas”, podemos dizer assim.. Tive uma adolescência normal. Vivi aquilo que aprendi com meus pais: respeitá-los e aos mais velhos, disciplina e acima de tudo aprendi a ouvir. Baixar minha cabeça estando certa ou errada. Sem presunções, sem soberbas, sem me evidenciar.
Eu me lembro que quando era criança, nós em casa não precisávamos agir como o centro das atenções. A nossa vida em família era de união, companheirismo. Minha mãe era mulher zelosa, meu pai sempre atencioso e preocupado com nossos estudos.
Aos 16 anos comecei a trabalhar. Tinha terminado o Segundo Grau (hoje Ensino Médio), e fui chamada para um estagio. Foi lá que conheci o mundo.
Quando comecei a trabalhar, eu já havia rompido com um namoro que durou somente quatro meses. Por conta disso, cheguei no ambiente de trabalho me achando "madura" para enfrentar o que viesse (agora vê se pode..). Conheci pessoas maravilhosas que até hoje tenho contato. Pessoas que me ensinaram muito, tanto crescendo quanto caindo. Aprendi realmente como me tornar imponente diante de dificuldades.
Mas mesmo que o mundo estivesse me levando, eu tinha a impressão de que eu era fortalecida. Houve ocasiões onde eu me sentia a própria rocha em pessoa. Eu era durona, nada me derrubava. Eu enfrentava situações de cabeça erguida. Fui “crescendo” assim. Achando que tudo o que viesse ao meu encontro, eu superaria.
Neste mesmo período, comecei a ouvir sobre Deus. Meu irmão se converteu ao Senhor Jesus ainda na adolescência. Passou a ser líder do grupo jovem na igreja onde ele congregava. Eu achava lindo. Me emocionava várias vezes quando eu o via pregar. Hoje posso perceber a diferença. A minha emoção era simplesmente de vê-lo pregar.
Comecei a ouvir louvores em casa e via o meu irmão realmente comprometido com o Senhor. Mas nada daquilo me fez pensar em me entregar ao Senhor. Eu respeitava muito a decisão do meu irmão. Na verdade eu achava lindo mesmo. Eu tinha um irmão que vivia na igreja e não nas ruas aprontando misérias como outros adolescentes da nossa idade. Eu preferia mesmo que ele estivesse vivendo aquilo.
Mesmo assim, isso não foi o suficiente para que eu percebesse o que Deus queria comigo. Eu entendia que quando “eu” quisesse, quando fosse "a hora certa", eu aceitaria a Jesus. Uma coisa era certa: Eu já havia declarado pra mim mesma que Jesus estava em meu coração. Eu entendia que Ele e Deus eram os supremos e mais ninguém comandaria minha vida, a não ser “Eles”. Mas não cheguei a receber a Palavra onde dizia que era pra eu confessar a Jesus. Isso eu nunca havia ouvido. Eu via sim, pessoas indo lá na frente, confessando Jesus. Mas pra mim era uma opção delas de compromisso com a igreja, e não para realmente se entregar ao Senhor.
E compromisso com a igreja realmente eu não queria naquele tempo. (ou talvez não fosse realmente o meu tempo).
Passei todos esses anos assim entendendo da minha própria maneira quem era Deus. Consagrando tudo que eu tinha a Ele. Os meus filhos, minha casa, meu “casamento”. Agradecendo, na medida do possível, as minhas vitórias depois de muitos apertos. Coisa que eu entendia que eram normais do nosso dia-a-dia.
Uma coisa que eu acho muito interessante relatar: Por muito tempo eu procurava por alguma coisa que eu fosse “devota”. Via tanta gente agradecendo tudo aos “santos” da Igreja Católica. Eu também queria prestar graças a algum deles. Mas eu não encontrava nenhum. Tentei com Cosme e Damião distribuindo doces às crianças, como é tradição de seus devotos. Tentei com São Jorge, santo guerreiro. (talvez eu me identificasse com ele). Tentei com São Sebastião, pois próximo a minha casa tinha uma igreja enorme, onde todos os anos celebravam seu dia com festas.. Com nossa senhora, como aprendi na igreja católica.. Mas nenhum deles me dava a segurança que eu tinha, quando agradecia a Deus por tudo em minha vida. Mesmo assim eu era frustrada com isso.. Mas também entendia que se com Deus eu me sentia bem, eu não tinha por que me entristecer. Afinal de contas, Deus era o soberano, o maior deles todos. A tudo eu acabava recorrendo a Ele.
Importante daquela época também relatar que, apesar de não ser adepta ao espiritismo, sempre tive muito respeito a essa religião. Minha mãe, quando era solteira, veio da roça para o Rio de Janeiro e foi trabalhar na casa da minha madrinha de batismo que era dona de um terreiro de candomblé. Eu conheci um terreiro e via manifestações de entidades naquele local.
Mas com tudo isso, eu não me deixava levar pelo que despachos nas ruas, ou o que quer que fossem, pudessem fazer a mim e a minha família. Eu entendia que maior que Deus, nesse mundo nem no outro, haveria. E Deus era maior na minha vida. Então eu não temia o que pudesse acontecer. Pois eu sempre dizia: “Nada poderá acontecer comigo, se Deus assim não determinar.” Sem desrespeitar ou afrontar, é claro. (até hoje conheço pessoas que ficam apavoradas só de ouvirem falar).
Então não baixava a minha cabeça realmente para nada que não fosse de Deus.
Ainda falando do espiritismo, até livros eu comprei. Como minha paixão sempre foi a leitura, entendi que, se lesse os livros psicografados por Allan kardec, eu poderia, enfim, seguir alguma coisa que me levasse a um entendimento espiritual maior.
Mas Deus é tão misericordioso, que eu nunca consegui, sequer começar a lê-los. Ficaram por anos numa gaveta guardados. Hoje já não os possuo mais.
Mas como eu poderia saber se as coisas que eu passava eram ou não de Deus? Também não sei. A única convicção que eu tinha era que se era bom tudo o que eu tinha, era de Deus, porque Deus não tem nada de ruim pra gente. Era nisso que eu me baseava.
Ledo engano. Mais tarde eu fui entender melhor sobre isso.
Voltando lá em Romanos 9, foi então que pude perceber que Deus realmente tinha um plano pra minha vida. Com tudo que vivi, pelos lugares que passei, por caminhos que procurei, e até livramentos que o Senhor me deu, pude perceber que eu poderia ter ficado pelo caminho. Poderia ter encontrado um santo para devoção, poderia ter sido consagrada ao candomblé pela minha própria mãe, poderia ter até morrido não fosse o livramento do Senhor. Mas Ele me escolheu. Ele teve compaixão de mim. Teve misericórdia de mim.
Tudo que relatei aqui é apenas uma pequena parte de tudo que me veio à mente, quando o Espírito Santo me revelou isto através daquele áudio.
Fica até difícil detalhar o que senti. Quando Deus fala conosco é assim. A gente simplesmente sente. Não há como dizer.
A partir daí, percebi que a minha gratidão a Deus estava aquém do que realmente eu devia a Ele. Passei a agradecê-lo não por que escolhi um caminho, mas porque Ele mesmo me colocou neste caminho.
Compreendi então, aquela parábola que Jesus disse em Mateus 22:14, que muitos são chamados e poucos os escolhidos. Não porque eu quero, mas porque o Senhor me convidou. Mas o maior dos detalhes é esse.. depois do convite feito, a aceitação não é momentânea e definitiva. É a cada dia. Decide-se por aceitar todos os dias.
Após isso entendi também, que todos aqueles que hoje têm a oportunidade de ouvir do Senhor, quer por leitura, quer por áudio, quer por um trechinho que lê nas redes sociais, quer por algum testemunho num canal de TV, seja qual for a forma, estes são "chamados". São "escolhidos", quando aquilo que vêem, lêem, chama-os a atenção. E ao se inclinarem para entender, procurarem discernir os fatos, trazerem para sua própria vida o que se têm falado, estes podem ser sim os "escolhidos".
(Peço perdão aos mais maduros pela minha "meninice" na fé. Mas é o que eu passei a entender a partir daquilo que ouvi. Me corrijam, se houver alguma discordância.)
Aí sim, a confirmação realmente veio em João 6.
Jesus relata aos seus discípulos que Ele é o pão da vida. Enviado pelo Seu Pai. E todo aquele que comer deste pão, terá vida.
Deus nos apresenta o pão (chance e oportunidade)
Disse-lhes, pois, Jesus: Na verdade, na verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu.
Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.
João 6:32-33
Nós comemos desse pão (nos alimentamos da Palavra e cremos)
Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
Então vamos até Ele (entrega)
Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.
Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim.
João 6:44-45
Mas o Senhor já sabe quais serão dEle
Mas há alguns de vós que não crêem. Porque bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar.
E dizia: Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido.
João 6:64-65
E eu O louvo de todo o meu coração e O adoro por me eleger. Eu poderia ter ficado literalmente para trás, se assim Ele quisesse realmente.
E é isso que quero levar às pessoas que estiverem lendo este texto.
Qual de nós não quer ser um escolhido do Senhor? Qual de nós quer ficar por aqui, passar nesta terra, nesta vida, sem um dia poder pessoalmente agradecer ao Pai, pelas coisas que tivemos um dia, pelos livramentos, pela graça e misericórdia que, apesar de escolhidos ou não, o Senhor tem por todos nós? Fica realmente impossível acreditar que tantos de nós, que nos consideramos “filhos de Deus” (falarei desta expressão numa outra oportunidade), não queiramos um dia estar com Ele para sermos gratos.
Não quero passar aqui uma teologia ou uma doutrina, porém uma experiência.
Nem tenho perfil para isso. Não sou escritora e nem tenho a pretensão de ser. Não tenho didática nenhuma e não consigo com facilidade explicar o que aprendo. Somente experiências mesmo.
Nunca me envolvi com religião, ou seja, fui batizada na igreja católica, fiz comunhão, fiz crisma, mas não passou disso. Nem à missa eu ia. Fiz tudo isso porque cresci nesta tradição simplesmente. Assim como todos nós devemos frequentar uma escola desde pequenos. Assim como se deve acordar e escovar os dentes todos os dias.
Era assim que eu entendia a vida religiosa. Como religião, literalmente falando.
Mas a experiência com Deus está acima de todo entendimento. O cirurgião só poderá detalhar uma cirurgia, se o mesmo a realizar. Assim é com Deus.
Sei que tenho muito a aprender. E quero muito isso.
Quero também passar tudo que tenho aprendido. Vejo por mim mesma. Toda vez que leio e aprendo sobre o reino dos céus, percebo como tão pouco eu sei. Por isso é necessário que a aceitação seja diária. Não basta só sermos escolhidos do Senhor, temos que seguir remando, abrindo caminhos para o entendimento.
Nos dois últimos versos do capítulo 6, do livro de João diz:
Respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? e um de vós é um diabo.
E isto dizia ele de Judas Iscariotes, filho de Simão; porque este o havia de entregar, sendo um dos doze.
Realmente não quero ficar para trás. Não quero ser apenas uma escolhida. Mas quero levar ao entendimento tudo o que o Senhor tem me revelado.
Sua Glória, suas promessas, orações respondidas.
É extraordinário o amor de Deus conosco.
Ah como eu anseio ver aqueles que ainda não o vivem, desfrutar desse amor.
Quando o chamado de Deus vier, querido leitor, incline-se e seja um escolhido.
Não endureça seu coração.
No amor de Cristo,
Tânia Monteiro
